sexta-feira, 10 de julho de 2009

AÇAÍ MOVIMENTA MILHÕE$, MAS MILHARES FICAM SEM ELE

O açaí entrou na balança comercial brasileira há pelo menos dez anos.
E em igual período de tempo começou a sair das mesas dos paraenses.
Como produto de exportação – tanto para outros estados quanto para o exterior – o açaí injeta US$ 24 milhões na economia do Pará a cada ano.
Mas deixa sem alternativa de comida e sem dinheiro parte considerável da população do Pará.
Alguns fatores fizeram o preço do açaí disparar e o consumo interno diminuir. Entre estes, destacam-se a grande demanda em contrapartida com a diminuição da capacidade de produção do produto.
Isso resultou no aumento de 500% no preço nos últimos dez anos e na retirada desse vinho precioso do cardápio dos paraenses.
De todo o açaí produzido no Pará, 40% é exportado. O produto teve um aumento da ordem de 263% somente nos três primeiros meses deste ano.
Nesse período o Estado já exportou US$ 10 milhões em suco de fruta, sendo 80% de açaí.
Mas não se pode esconder que a derrubada dos açaizeiros para extração do palmito, e o agronegócio, onde as florestas se transformam em pasto para a criação de gado, não só explicam, mas justificam a redução no consumo, sobretudo pela população de baixa renda.
O certo é que, na soma de todos os fatores, e devido ao preço, resultado é que pobre agora só toma açaí de vez em quando.
O açaí virou comida ou bebida de rico.
Penso que nem a gasolina alcançou índices de preço tão elevados em uma década.
Antes era comum se ver e tomar açaí em bancas ou barracas de feiras e mercados em Belém.
O açaí estava também em todas os lugares de todas as cidades do Pará.
Hoje ele virou artigo de luxo. E se transformou em bebida chic consumida em forma de sorvete, biscoito, cápsula e até balas em Copacabana-RJ, Califórnia-EUA, Austrália e na Europa.
Antes, quando alguém queria exteriorizar seu preconceito contra um paranese, bastava chamá-lo de “papa-açaí”.
Hoje isso não é mais possível. Quiséramos fôssemos ainda PAPAS-AÇAÍ, mas não passamos de simples consumidores desse fruto saboroso e nutritivo, antioxidante, forte, rico em fibras, calórico e saudável.
A Governadora do Pará, Ana Júlia Carepa, disse que “o açaí é fruto da globalização”. Ela disse também que a produção pode aumentar com a plantação artificial e a melhoria das mudas com a genética.
Tomara que esse negócio de plantação articial e melhoria genética não seja o repeteco do que ocorreu com Belém e com o Pará, no início do século 19. Belém era considerada a Paris brasileira pela riqueza e beleza proporcionada pela produção da borracha extraída da seringeira e exportada para o mundo.
Somente na Amazônia, em especial nos estados do Amazonas e Pará, a seringueira crescia.
Até que exemplares fores foram levados pelos britânicos para suas colônias na Ásia e lá aclimantaram a nossa seringueira.
Aí, acabou-se o monopólio da borracha de Manaus e Belém.
E acabou-se também a época de riquesa da bela capital dos paraenses, que diga-se de passagem, CONTINUA linda!
O açaí pode está escasseando, mas por tudo o que representa para o estado do Pará, não pode desaparecer, a exemplo da borracha, do nosso meio.
O açaí é nosso. É do Pará! Para sempre!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

DEIXE O SEU COMENTÁRIO